Como Vencer a Pobreza e a Desigualdade, o homem
sempre buscou paixões próprias, o Capitalismo é um sistema carrasco, o
homem ainda não aprendeu que suas paixões não devem dominá-lo.
Uma das coisas fundamentais
para saber como se deve vencer a pobreza e a desigualdade é sabendo a
princípio o que necessariamente significam e por que existem.
Sabe-se que durante toda a história, o homem sempre buscou paixões
próprias, não se preocupando em contrastar às alheias, levando assim a
estado de guerra, onde sempre uns tiravam vantagens em cima de outros.
Mas foi com a Revolução Industrial que a palavra Desigualdade assumiu
considerável denotação. Grandes proprietários de fábricas passaram de
uma forma esmagadora enriquecer sobre os empregados, que ficavam cada
vez mais miseráveis.
É nesse contexto que o Capitalismo surge, e é justamente a esse sistema
que Marx, na metade do século XIX culpa pela desigualdade em todo o
mundo, propondo que o Socialismo erradicaria todas as desgraças que a
desigualdade de classes causava.
Mas a raiz está no Capitalismo? Será que de fato, o Socialismo seria a solução?
Em verdade, o Capitalismo é um sistema carrasco, falho, que gera
violência, fome, desemprego, e várias outras mazelas que comprometem a
humanidade. E quanto ao Socialismo, é ruim ter que admitir, mais se vive
apenas a parte teórica de uma sociedade perfeita, nada mais que isso.
Onde buscar soluções?
Acontece que o homem procura explicações vãs, e nunca admite que ele é
quem faz o sistema tal com é, quem o corrompe, quem o torna falho,
incapaz e mesquinho; o homem ainda não aprendeu que suas paixões não
devem dominá-lo a ponto de destruir as paixões do outro; ainda não
descobriu que se governa um país em nome de um povo, e é, portanto, para
o bem daquele povo; ainda não adquiriu responsabilidade o suficiente
para pensar no mundo como um todo; ainda não teve coragem de no mínino,
imaginar um amanhã mais feliz.
A resposta está diante dos olhos, e por causa do louco egocentrismo
humano, não se percebe. A resposta é o contrário do que se vive. Toda
vez que se consente com políticos corruptos; toda vez que se cala diante
de um problema que não o importa, porque é dos menos favorecidos; toda
vez que se dá esmolas para remediar ao invés de cobrar do poder
oportunidades para transformar o mundo para mais justo; cada vez que se
demonstra preconceito em relação à pobreza. Só se está, com tudo isso,
não só aquiescendo, mas contribuindo para que a situação tome esse
caminho hediondo.
A Pobreza e a Desigualdade só vão chegar ao fim no dia em que todos
compreenderem seu significado, no dia que cada um se preocupar com o
amanhã, com o outro, no dia que educação for prioridade, no dia que a
política for realizada junto com o povo, e finalmente, todos os direitos
e deveres estiveram assegurados.
A culpa não é do sistema, senão do homem, ele é quem o domina, mas
pode-se mudar a partir de novas ações, e no dia que for tomada posição a
respeito, os políticos trilharão outros caminhos, porque o poder emana
do povo, e isso é certo! E por fim, chegará o dia em que o homem estará
acima do ódio, da ambição e da brutalidade, como acreditava Chaplin. E
assim, findará toda pobreza e desigualdade entre os homens, e todos
contemplarão de forma unânime os lírios do campo de Veríssimo.
Todos já sentimos falta de dinheiro em determinadas ocasiões. Essa é
uma experiência individual. Não é o mesmo que o problema social da
pobreza. Enquanto que dinheiro é a medida da riqueza, a falta de
dinheiro pode ser a medida de riqueza, mas não é o problema social da
pobreza. Ver "Princípios."
A pobreza como um problema social é como uma ferida profunda que afecta todas as dimensões da cultura e sociedade.
Inclui níveis sustentáveis de baixo rendimento para os membros da
comunidade. Inclui a falta de acesso a serviços como a educação,
mercados, serviço de saúde, falta de capacidade para a tomada de
decisões, e a falta de infraestruturas comunitárias como água,
saneamento, estradas, transportes, e comunicações. Ainda mais, é
"pobreza de espírito," que permite aos membros da comunidade acreditar e
partilhar no desespero, falta de esperança, apatia, e timidez. A
pobreza, em particular os factores que contribuem para ela, é um
problema social, e a sua solução é social.
Aprendemos nestas páginas de formação que não podemos combater a
pobreza aliviando os seus sintomas, mas apenas combatendo os factores de
pobreza. Este documento enuncia e descreve os "cinco grandes" factores
que contribuem para o problema social da pobreza.
A simples transferência de factores, mesmo que seja para as vítimas
da pobreza, não irá erradicar ou reduzir a pobreza. Irá meramente
aliviar os síntomas da pobreza no curto prazo. Não é uma solução
duradoura. A pobreza como um problema social requer uma solução social.
Essa solução é a remoção clara, consciente e deliberada os cinco grandes
factores da pobreza.
Factores, causas e história:
Um "factor" e uma "causa" não são exactamente a mesma coisa. Uma
"causa" pode ser vista como algo que contribui para a origem do problema
como a pobreza, enquanto que um "factor" pode ser visto como algo que
contribui para a sua continuação após a sua existência.
A pobreza a uma escala mundial tem muitas causas históricas:
colonialismo, escravatura, guerra e conquista. Existe uma diferença
importante entre essas causas e aquilo que chamamos factores que
contribuem para manter as condições da pobreza. A diferença está em
termos daquilo que nós, hoje, podemos fazer acerca do assunto. Não
podemos regressar no tempo e mudar o passado. A pobreza existe. A
pobreza é provocada. Aquilo que pode ser potencialmente influenciado são
os factores que perpetuam a pobreza.
É sabido que muitas nações da Europa, que enfrentaram guerras
devastadoras, tais como a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, foram
reduzidas a grande pobreza, onde as pessoas tiveram de se sujeitar a
viver de esmolas e caridade, mal sobrevivendo. Ao longo das décadas elas
conseguiram por elas mesmas aumentar o seu nível real de rendimento
nacional, e tornar-se em nações modernas influentes e prosperantes com
pessoas prosperantes. Também sabemos que muitas outras nações se
mantiveram entre as menos desenvolvidas do planeta, ainda que milhares
de milhões de dólares na chamada "ajuda" monetária tenha sido gasta com
elas. Porquê? Porque os factores da pobreza não foram combatidos, apenas
os seus sintomas. Ao nível macro ou nacional, um baixo PNBproduto
nacional bruto) não é pobreza; é um sintoma da pobreza, como problema
social.
Os
factores da pobreza
(como problema social) que estão enunciados aqui ignorância,
doença,
apatia,
desonestidade
e dependência,
devem de ser vistos simplesmente como condições. Não se pretende
qualquer julgamento moral. Não são bons ou maus, são simplesmente. Se é
da decisão de um grupo de pessoas, como dentro de uma sociedade
ou numa comunidade, reduzir e remover a pobreza, terão de, sem qualquer
julgamento moral, observar e identificar estes factores, e agir para os
remover como a forma de erradicar a pobreza.
Os cinco grandes, por seu turno, contribuem para factores secundários
tal como a falta de mercados, fracas infraestruturas, fraca liderança,
má governação, sub-emprego, falta de qualificações, absentismo, falta de
capital, entre outros. Cada um destes é um problema social, cada um é
provocado por um ou mais do que um dos cinco grandes, e cada um
contribui para a perpetuação da pobreza, e a sua erradicação é
necessária para a remoção da pobreza.
Olhemos brevemente para cada um dos cinco grandes.
Ignorância:
A ignorância significa ter falta de informação ou falta de
conhecimento. É diferente de estupidez que é a falta de inteligência, e
diferente de parvoíce que é a falta de sabedoria. Os três conceitos são
muitas vezes confundidos e assumidos como iguais por algumas pessoas.
""O conhecimento é poder," de acordo com o velho ditado.
Infelizmente, algumas pessoas, sabendo isto, tentam manter o
conhecimento para elas mesmas (como uma estratégia de obter uma vantagem
injusta), e prejudicar os outros na obtenção de conhecimento. Não se
pode esperar que porque se forma alguém para numa capacidade, ou se
fornece alguma informação, que essa informação ou capacidade irá
naturalmente alargar-se ao resto da comunidade.
É importante determinar qual é a informação que está em falta. Muitos
planeadores e pessoas com boas intenções que querem ajudar uma
comunidade a se fortalecer, pensam que a solução é educação. Mas
educação significa diversas coisas. Alguma informação não é importante
para a situação. Não irá ajudar um agricultor se este souber que o Romeu
e a Julieta morreram na peça de Shakespeare, mas seria mais útil saber
qual é o tipo de semente que irá sobreviver no solo local, e qual não
irá sobreviver.
A formação neste conjunto de documentos para o empoderamento da
comunidade inclui (entre outras coisas) a transferência de informação.
Ao contrário da educação generalizada, que tem a sua própria história de
causas para a selecção daquilo que é incluído, a informação que é aqui
incluída destina-se a fortalecer a capacidade, não para iluminação
geral.
Doença:
Quando uma comunidade tem uma taxa elevada de doença, o absentismo é
elevado, a produtividade é baixa, e menos riquerza é criada. Para além
da miséria, desconforo e morte que resulta da doença, é também um factor
importante para a pobreza numa comunidade. Estar bem (bem-estar) não só
ajuda os individuos que estão saudáveis, mas também contribui para a
erradicação da pobreza na comunidade.
Aqui, tal como noutros ocasiões, a prevenção é melhor que a cura. É
um dos princípios básicos do cuidado de saúde primário. A economia fica
muito mais saudável se a população estiver sempre saudável; muito mais
do que se as pessoas ficarem doentes e devem de ser tratadas. A saúde
contribui para a erradicação da pobreza mais em termos de acesso a água
potável que seja segura e limpa, separação do saneamento da fonte da
água, conhecimento de higiene e prevenção de doenção -- muito mais do
que clínicas, médicos e medicamentos, que são soluções de cura caras
muito mais que a prevenção contra a doença.
Lembre-se que estamos preocupados com os factores, não com as causas.
Não importa se a tuberculose foi introduzida por estrangeiros que
vieram comercializar ou se foi indígena. Não importa se o VIH
que leva à SIDA foi uma conspiração da CIA para desenvolver armas
biológicas, ou se veio de macacos na sopa. Essas são causas possíveis.
Conhecer as causas não irá remover a doença. Conhecer os factores pode
levar a melhor higiene e comportamento de prevenção, e levam à
erradicação.
Muitas pessoas vêem o acesso a cuidados de saúde como uma questão de
direitos humanos, como a redução do sofrimento e miséria e qualidade de
vida das pessoas. Estas são todas razões válidas para contribuir para
uma população saudável. O que se argumenta aqui, mais do que essas
razões, é que uma população saudável contribui para a erradicação da
pobreza, e também se argumenta que a a pobreza não só se mede pelos
altos níveis de morbidez e mortalidade, e também que a doença contribui
para outras formas e aspectos da pobreza.
Apatia:
Apatia é quando as pessoas não se interessam, ou quando se sentem tão
incapazes que não tentam modificar as coisas, corrigir um mal, emendar
um erro, ou melhorar as condições.
Por vezes, algumas pessoas sentem-se tão incapazes de alcançar alguma
coisa, sentem tanta inveja dos seus parentes ou membros da sua
comunidade que o tentam. Então tentam deitar abaixo quem tenta e levá-lo
ao seu próprio nível de riqueza. Apatia gera apatia.
Por vezes a apatia é justificada por preceitos religiosos, "Aceita o
que existe porque Deus decidiu o teu destino." Este fatalismo pode ser
usado como uma desculpa. Não há qualquer problema em acreditar que Deus
decide o nosso destino, se aceitarmos que Deus pode decidir que nós
devemos estar motivados para nos melhorar a nós próprios. "Reza a Deus,
mas rema também para a margem," é um provérbio russo, que demostra que
estamos nas mãos de Deus, mas também temos uma responsabilidade para
connosco mesmos.
Fomos criados com muitas capacidades: de escolher, de cooperar, de
organizar a melhoria da qualidade das nossas vidas; não devemos deixar
que Deus ou Alá sejam usados como desculpa para fazer nada. Isso é tão
mau como uma maldição sobre Deus. Devemos honrar Deus e usar os nossos
talentos dados por Deus.
Na luta contra a pobreza, o mobilizador deve encorajar e elogiar, de
forma a que as pessoas (1) queiram e (2) aprendam a –– tomar o controlo
sobre as suas vidas.
Desonestidade:
Quando os recursos que se destinam a ser usados para serviços e
infraestruturas da comunidade, são desviados para os bolsos privados de
alguém numa posição de poder, mais do que a moralidade está a ser posta
em causa. Neste conjunto de formação, não estamos a fazer um julgamento
de valor se isso é bom ou mau. Estamos a salientar, no entanto, que é
uma das causas principais da pobreza. Desonestidade entre pessoas de
confiança e poder. O montante roubado ao público, que é recebido e
gozado pelo individuo, é muito menos que a redução na riqueza que se
pretende para o público.
O montante de dinheiro que é extorquido ou desviado não é o montante
que se reduz de riqueza na comunidade. Economistas falam de um "efeito
multiplicador". Onde a nova riqueza é investida, provocando um efeito
positivo na economia ainda maior que o montante criado. Quando o
dinheiro para o investimento é retirado de circulação, o montante de
riqueza que se priva à comunidade é muito maior que aquele que é ganho
pela pessoa que desvia o dinheiro. Quando um funcionário do Governo
aceita um suborno de 100 dólares, o investimento social é diminuído por
um valor que pode alcançar 400 dólares de riqueza para a sociedade.
É irónico que fiquemos muito chateados quando um ladrão rouba dez
dólares em valores no mercado, mas quando um funcionário pode roubar mil
dólares do bolso do público, que provoca um dano no valor de quatro mil
dólares à sociedade como um todo, porém não condenamos o segundo
ladrão. Respeitamos o segundo ladrão pela sua aparente riqueza, e
elogiamos a pessoa por ajudar todos os seus parentes e vizinhos. Por
contraste, precisamos da polícia para proteger o primeiro para que este
não seja espancado pelas pessoas na rua.
O segundo ladrão é uma causa importante da pobreza, enquanto o
primeiro ladrão pode muito bem ser uma vítima da pobreza provocada pelo
segundo. A nossa atitude no parágrafo à esquerda, é muito mais que
irónico; é um factor que perpetua a pobreza. Se nós recompensamos aquele
que provoca mais dano, e castigamos aqueles que são verdadeiras
vítimas, então as nossas atitudes mal direccionadas também contribuem
para a pobreza. Quando dinheiro desviado é retirado do país e colocado
num banco estrangeiro (por exemplo, suiço), então não contribui para a
economia nacional; apenas ajuda o país do banco estrangeiro ou offshore.
Dependência:
A dependência resulta de estar no lado receptor da caridade. No curto
prazo, tal como após um desastre, essa caridade pode ser essencial para
a sobrevivência. No longo prazo, essa caridade pode contribuir para a
possível desgraça do receptor, e certamente para a pobreza corrente.
É uma atitude, uma crença que alguém é tão pobre, tão desesperado,
que não se pode ajudar a si próprio, que um grupo não se consegue ajudar
a si próprio, e que deve depender de assistência que vem do
estrangeiro. A atitude, e crença partilhada é o principal factor
auto-explicativo para a perpetuação da condição de dependência de um
individuo ou grupo em relação a ajuda exterior.
Existem
muitos outros documentos neste site que se referem a dependência.
Ver: Dependência,
e Revelando recursos
escondidos. Ao explicar como usar a contagem de histórias para comunicar
princípios essenciais para o desenvolvimento, a história de Maomé
e a corda é usada para ilustrar o princípio que a ajuda não pode
ser o tipo de caridade que enfraquece ao encorajar a dependência, devendo
empoderar.
A metodologia de empoderamento da comunidade é uma alternativa a dar
caridade (que enfraquece), mas dá assistência, capital e formação
destinados a comunidades com baixo rendimento identificando recursos e
controlando o seu próprio desenvolvimento ─tornando-se empoderados.
Demasiadas vezes, quando um projecto se destina à promoção a
independência, os receptores, até que sejam chamados à atenção, esperam,
assumem e têm esperança que o projecto vem apenas fornecer os recursos
para instalar uma infraestrutura ou serviço na comunidade.
Entre os cinco principais factores da pobreza, o síndroma da
dependência é uma das principais preocupações do mobilizador da
comunidade.
Conclusão:
Estes cinco factores não são independentes uns dos outros. A doença
contribui para a ignorância e apatia. A desonestidade contribui para a
doença e dependência. E por aí fora. Eles contribuem cada um para os
outros.
Em qualquer processo de mudança social, somos encorajados a "pensar
globalmente, e agir localmente." Os cinco grandes factores da pobreza
parecem abranger e estar fortemente enraizados nos valores e práticas
culturais. Podemos erradamente pensar que qualquer um de nós, na nossa
vida individual, nada podemos fazer acerca deles.
Não desespere. Se cada um de nós fizer um compromisso pessoal para
combater os factores da pobreza em qualquer posição da nossa vida, então
no total do esforço conjunto de todos, e o efeito multiplicador das
nossas acções sobre outros, irá contribuir para a decadência desses
factores, e será a vitória máxima sobre a pobreza.
O material de formação deste site destina-se à redução da pobreza em
duas frentes, (1) redução da pobreza comunitária através da mobilização
de grupos comunitários para se unirem, organizarem e agirem em
comunidade, e (2) redução da pobreza pessoal criando riqueza através do
desenvolvimento do micro empreendedorismo.
Você, como mobilizador, está numa posição chave para ter um efeito
sobre os cinco grandes factores de pobreza. Ao orientar a sua
mobilização e formação para a redução da pobreza, pode assegurar que a
sua integridade, prejudicar aqueles que corrompem o sistema, e encorajar
todos os seus participantes a combater os factores da pobreza no curso
das acções que escolhem, enquanto guiados e formados por si.
Estes, por seu turno, contribuem para factores secundários como a
falta de mercados, fracas infraestruturas, fraca liderança, má
governação, sub-emprego, falta de capacidades, falta de capital, e
outros.
A solução para o problema social da pobreza é a solução social de remoção dos factores da pobreza.